Margem de lucro chega a 99%: qual é o segredo por trás dos US$ 15 bilhões que a Tether lucrou este ano?
Deng Tong, Jinse Finance
Recentemente, o presidente da The ETF Store, Nate Geraci, publicou na plataforma X: “Enquanto políticos dos EUA debatem se as stablecoins devem ou não pagar juros... vale lembrar: a Tether vai lucrar 15 bilhões de dólares este ano, com uma margem de lucro de 99%.”
Quais foram as recentes aquisições e investimentos deste gigante? Como a empresa consegue embolsar uma margem de lucro de 99%?
1. Aperfeiçoando o mapa de negócios das criptomoedas
1. Criação de tokens atrelados a moedas fiduciárias
Em 9 de dezembro (UTC+8), a stablecoin USDT da Tether foi oficialmente reconhecida como “token atrelado a moeda fiduciária” no Abu Dhabi Global Market (ADGM), permitindo que instituições licenciadas ofereçam serviços regulados de custódia e negociação. Isso marca um passo importante dos Emirados Árabes Unidos na regulação de stablecoins. O USDT emitido já foi oficialmente reconhecido como token de referência fiduciária em várias blockchains, como Aptos, Cosmos e Near. Essa estratégia ajuda a Tether a abrir portas para o mercado de ativos digitais regulados no Oriente Médio, aproveitando a posição de Abu Dhabi como centro financeiro regional para expandir ainda mais a influência e circulação global de sua stablecoin em mercados regulados.
2. Pagamentos móveis
Em 9 de dezembro (UTC+8), o aplicativo de pagamentos móveis Oobit, apoiado pela Tether, anunciou parceria com a Bakkt para lançamento oficial nos EUA. A solução “tap-to-pay” integra carteiras não custodiais como Base, Binance, MetaMusk, Phantom e Trust Wallet, permitindo que usuários gastem criptomoedas diretamente em dispositivos iOS e Android. Os comerciantes recebem liquidação em moeda fiduciária em tempo real via a rede de pagamentos Visa. A parceria entre Tether e Oobit começou no ano passado. Em 2024, a Oobit concluiu uma rodada de financiamento Série A de 25 milhões de dólares, liderada pela Tether, com participação de investidores como o cofundador da Solana. Esse capital é fundamental para o desenvolvimento tecnológico e expansão global da Oobit.
Em outubro de 2025 (UTC+8), a Tether anunciou investimento na Kotani Pay, empresa africana de pagamentos cripto, com o objetivo de fornecer infraestrutura que conecta aplicativos Web3 a canais de pagamento locais na África, facilitando o acesso de usuários africanos a ativos digitais, reduzindo barreiras de inclusão financeira e promovendo o desenvolvimento financeiro e blockchain na região.
3. Empréstimos de ativos digitais
Em 18 de novembro (UTC+8), a Tether anunciou investimento estratégico na plataforma de empréstimos de ativos digitais Ledn. O objetivo é ampliar o acesso ao crédito, permitindo que pessoas e empresas obtenham empréstimos sem vender seus ativos digitais. A Ledn é especializada em empréstimos colateralizados em bitcoin e já concedeu mais de 2.8 bilhões de dólares em empréstimos desde sua fundação, sendo mais de 1 bilhão de dólares apenas em 2025, seu melhor desempenho anual. Sua receita recorrente anual (ARR) já ultrapassa 100 milhões de dólares.
Em 15 de novembro (UTC+8), o CEO da Tether, Paolo Ardoino, afirmou em entrevista que a Tether já forneceu cerca de 1.5 bilhão de dólares em crédito a negociantes de commodities, incluindo financiamento em dinheiro e na stablecoin USDT, atrelada ao dólar. Atualmente, a Tether foca em commodities tradicionais como produtos agrícolas e petróleo, com planos de expandir ainda mais sua atuação nesse setor.
4. Exchanges
Em 7 de agosto (UTC+8), a Tether, por meio da Tether Ventures, liderou uma rodada de financiamento de 30 milhões de euros na exchange espanhola Bit2Me, adquirindo participação minoritária. A Bit2Me foi autorizada pelo órgão regulador de valores mobiliários da Espanha, tornando-se a primeira fintech de língua espanhola a obter a licença MiCA da União Europeia, e planeja usar os recursos para expandir sua presença na América Latina, com foco na Argentina.
5. Forense blockchain
Em julho (UTC+8), a Tether anunciou investimento estratégico na empresa de forense blockchain Crystal Intelligence para combater crimes com criptomoedas, sem divulgar o valor investido. O investimento permite à Tether usar diretamente as ferramentas de monitoramento de risco em tempo real, detecção de fraudes e inteligência regulatória da Crystal, fortalecendo sua capacidade de ajudar autoridades globais a rastrear atividades suspeitas. Com o aumento de fraudes e golpes envolvendo criptomoedas, a Tether busca coibir o uso ilegal do USDT. A estratégia também impulsiona a conformidade da Tether, que já ajudou 255 agências de aplicação da lei em 55 jurisdições a congelar mais de 2.7 bilhões de dólares em stablecoins envolvidas em crimes.
2. Mineração
1. Uruguai
A Tether anunciou inicialmente em maio de 2023 (UTC+8) o início de operações de mineração sustentável de bitcoin no Uruguai, visando utilizar energia renovável local. Em 28 de novembro (UTC+8), um porta-voz da Tether confirmou que, devido ao aumento dos custos de energia, a empresa suspendeu a mineração de bitcoin no Uruguai, mas segue comprometida com projetos de longo prazo na América Latina. A Tether notificou oficialmente o Ministério do Trabalho do Uruguai sobre a suspensão das atividades e demissão de 30 funcionários. O plano original era investir 500 milhões de dólares na mineração no país.
2. Paraguai
Em novembro de 2023 (UTC+8), a Tether anunciou planos para construir uma fazenda de mineração de bitcoin no Paraguai, com capacidade planejada de 40 a 70 megawatts. O principal atrativo do Paraguai é o baixo custo de energia, que representa cerca de 80% do custo total de mineração, reduzindo significativamente os custos operacionais. O projeto foi implementado com sucesso, tornando-se um dos principais pontos de mineração da Tether na América do Sul.
3. El Salvador
Em junho de 2023 (UTC+8), a Tether anunciou participação no grande projeto de energia renovável “Volcano Energy” em El Salvador, investindo 1 bilhão de dólares. O projeto está localizado na vila de El Chiste, município de Metapán, província de Santa Ana, e prevê a construção de um parque de geração de energia renovável de 241 megawatts, incluindo 169 MW de energia solar fotovoltaica e 72 MW de energia eólica. Além do investimento, a Tether fornece suporte técnico em energia, hardware e comunicação. Após a implementação, a capacidade inicial de hash será superior a 1.3 exahash/segundo, colocando a fazenda entre os 20 maiores pools de mineração de bitcoin do mundo.
4. Brasil
Em setembro de 2024 (UTC+8), a Tether firmou parceria com a empresa agrícola sul-americana Adecoagro. A Tether investiu 100 milhões de dólares para adquirir 9,8% das ações da Adecoagro; em 30 de abril de 2025 (UTC+8), a Tether adquiriu mais 70% das ações, promovendo mudanças significativas no conselho da empresa. Em 3 de julho de 2025 (UTC+8), ambas as partes assinaram um memorando de entendimento para iniciar um projeto piloto de mineração de bitcoin movido por energia renovável.
5. Bitdeer
Em maio de 2024 (UTC+8), a Tether investiu pela primeira vez na Bitdeer, adquirindo cerca de 18,6 milhões de ações por meio da Tether International por 100 milhões de dólares, além de uma opção de compra de 5 milhões de ações a 10 dólares cada. Entre 26 de fevereiro e 13 de março de 2025 (UTC+8), a Tether adquiriu mais ações classe A da Bitdeer no valor de 18,2 milhões de dólares. Após o aumento de participação, a Tether, por meio de duas empresas afiliadas, detém quase 32 milhões de ações da Bitdeer, representando 21,4% das ações em circulação, incluindo 26,7 milhões de ações adquiridas por mais de 138,7 milhões de dólares e quase 5,2 milhões de warrants. Esse investimento reforça a influência da Tether no setor de mineração sustentável de bitcoin.
3. IA e tecnologias de ponta
1. Robótica
Em 8 de dezembro (UTC+8), surgiram notícias de que a Tether está apoiando o desenvolvimento de um novo tipo de robô humanoide industrial, projetado para realizar tarefas perigosas e fisicamente exigentes em fábricas e centros logísticos. Junto com AMD Ventures, o fundo nacional italiano de IA e outros investidores, a Tether participou de uma rodada de financiamento de 70 milhões de euros para a Generative Bionics, spin-off do Instituto Italiano de Tecnologia.
Os robôs humanoides de “IA física” operarão em ambientes construídos por humanos, realizando tarefas de levantamento, transporte e repetição que são difíceis para braços mecânicos tradicionais. Para a Tether, esse investimento faz parte da estratégia descrita pelo CEO Paolo Ardoino como “mudança para apoiar infraestrutura digital e física”. Os projetos visam expandir os negócios da empresa além das stablecoins e reduzir a dependência de sistemas centralizados regulados por grandes empresas de tecnologia.
Em 16 de novembro (UTC+8), a empresa por trás da Tether considerou investir 1,16 bilhão de dólares na Neura Robotics, empresa alemã de robótica em rápido crescimento, dedicada ao desenvolvimento de robôs humanoides. A Neura está avaliada entre 9,29 bilhões e 11,6 bilhões de dólares.
2. Modelos de linguagem de grande porte
Em 2 de dezembro (UTC+8), a Tether Data anunciou o lançamento do framework de modelos de linguagem de grande porte QVAC Fabric, permitindo que usuários executem, treinem e personalizem grandes modelos de linguagem diretamente em hardware cotidiano, como GPUs de consumo, notebooks e até smartphones. Antes, essas tarefas exigiam servidores em nuvem de ponta ou sistemas NVIDIA dedicados, mas agora podem ser realizadas em dispositivos já existentes dos usuários. O modelo suporta treinamento em diversas GPUs, incluindo AMD, Intel, NVIDIA, Apple Silicon e chips móveis.
Um grande avanço desse lançamento é a capacidade de ajustar modelos em GPUs móveis como Qualcomm Adreno e ARM Mali. É o primeiro framework pronto para produção que permite o treinamento de LLMs modernos em hardware de nível smartphone. Isso abre caminho para IA personalizada, que pode aprender diretamente no dispositivo do usuário, protegendo a privacidade e funcionando mesmo sem conexão à internet, além de oferecer suporte robusto para uma nova geração de aplicativos de IA resilientes e eficientes no dispositivo.
Em 24 de outubro (UTC+8), o departamento de pesquisa em IA da Tether Data, QVAC, lançou o conjunto de dados sintéticos QVAC Genesis I, voltado para o treinamento de modelos de IA com foco em STEM. A Tether Data também lançou seu primeiro aplicativo para consumidores, o QVAC Workbench, um espaço de trabalho completo que demonstra o potencial da IA em dispositivos locais. O QVAC Workbench é destinado a entusiastas de IA, usuários avançados e pesquisadores, já suportando vários LLMs e outros modelos de IA, como Llama, Medgemma, Qwen, SmolVLM, Whisper, entre outros. O aplicativo está disponível para smartphones (atualmente Android, com suporte para iOS em breve) e desktops (Windows, macOS e Linux), oferecendo o suporte mais abrangente do mercado.
3. Interface cérebro-computador
Em abril de 2024 (UTC+8), a Tether investiu 200 milhões de dólares na Blackrock Neurotech, tornando-se acionista majoritária da empresa de interface cérebro-computador. Os recursos serão usados para comercializar soluções médicas inovadoras já aplicadas em mais de 40 pessoas, além de fortalecer a capacidade de P&D da Blackrock Neurotech para manter sua liderança no setor. Em junho de 2025 (UTC+8), o CEO da Tether, Paolo Ardoino, afirmou que a empresa investida já possui tecnologia mais avançada que a Neuralink, de Elon Musk.
4. Ferramentas de mídia e imagem pública
1. Ferramentas de mídia
Em dezembro de 2024 (UTC+8), a Rumble anunciou acordo definitivo de investimento estratégico de 775 milhões de dólares com a Tether. A Tether comprou 103.333.333 ações ordinárias classe A da Rumble a 7,50 dólares cada, destinando 250 milhões de dólares para atrair criadores, aquisições estratégicas e aprimorar a infraestrutura tecnológica da Rumble Cloud.
Em outubro de 2025 (UTC+8), duas ações-chave da parceria foram reveladas. Primeiro, a Tether planeja lançar a nova stablecoin USAT na plataforma Rumble para o mercado dos EUA, com lançamento previsto para dezembro (UTC+8); segundo, foi anunciado que criadores da Rumble poderão receber gorjetas em bitcoin, com implementação prevista para o início a meados de dezembro (UTC+8). Em 24 de novembro (UTC+8), o CEO da Rumble anunciou o lançamento oficial da Rumble Wallet e o início dos testes das funções de gorjeta em BTC, XAUT e USDT na plataforma.
2. Imagem pública
Em 23 de outubro (UTC+8), a Casa Branca divulgou a lista de doadores do salão de banquetes, incluindo a Tether. Para a Tether, a doação não é apenas filantropia, mas uma ação estratégica para fortalecer laços com o governo dos EUA — anteriormente, o país aprovou a lei regulatória GENIUS para stablecoins e a SEC retirou várias ações judiciais contra o setor cripto. A Tether espera, com essas ações de conformidade, consolidar sua influência regulatória no mercado americano e impulsionar políticas favoráveis ao seu negócio de stablecoins.
5. Investimentos em ativos físicos
1. Acumulação de ouro
Em setembro deste ano (UTC+8), a Tether iniciou negociações para investir em mineração de ouro. A empresa planeja investir em toda a cadeia de suprimentos do ouro, incluindo mineração, refino, negociação e empresas de royalties. Atualmente, as reservas de ouro da Tether permanecem em 116 toneladas, avaliadas em cerca de 12,9 bilhões de dólares. Isso equivale às reservas de ouro de bancos centrais de países como Coreia do Sul e Hungria, posicionando a Tether entre os médios detentores de reservas soberanas globais.
2. Aquisição do clube de futebol italiano Juventus
Em 12 de dezembro (UTC+8), a Tether anunciou planos para adquirir integralmente o clube de futebol italiano Juventus FC. A Tether apresentou uma oferta vinculante em dinheiro ao acionista controlador Exor para adquirir 65,4% das ações e planeja lançar uma oferta pública para adquirir o restante, visando alcançar 100% de controle. A Tether afirmou que, se a transação for bem-sucedida, injetará 1 bilhão de dólares no clube. O CEO Paolo Ardoino, torcedor vitalício da Juventus, destacou que pretende usar a sólida posição financeira da Tether para garantir apoio de longo prazo ao time. “A situação financeira da Tether é robusta e planejamos apoiar a Juventus com fundos estáveis e visão de longo prazo.” Atualmente, a Tether detém mais de 10% das ações da Juventus.
Após o anúncio, o fan token JUV da Juventus subiu 30% em pouco tempo.
No entanto, o grupo EXOR rejeitou a proposta da Tether para adquirir as ações da Juventus, reiterando que não pretende vender sua participação.
Nota: A EXOR é um grupo controlado pela família Agnelli, que está ligada à Juventus desde 1923, controlando o clube há quase um século. Atualmente, a EXOR detém 65,4% das ações da Juventus, sendo o acionista controlador. Nos últimos anos, a EXOR liderou várias rodadas de aumento de capital no clube.
6. Conclusão
A Tether deixou de ser apenas uma emissora de stablecoins para se tornar um império de investimentos que abrange finanças digitais, tecnologias de ponta, mineração de energia, mídia e ativos físicos. Sua margem de lucro de 99% decorre tanto da vantagem estrutural do USDT como centro de liquidez global das criptomoedas quanto de sua ambição de expansão. Partindo da emissão de stablecoins, a Tether está injetando capital em setores tradicionais de tecnologia, buscando remodelar o cenário das indústrias cripto e tradicionais.
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